Sem esse instrumento qualquer tentativa de alinhamento é errônea; ou seja, funciona, mas sempre fora da especificação.
Também é preciso ter a informação do fabricante, sobre a frequência que esse canal filtra. Só para ilustração existem vários valores de frequência intermediária usados por diversos fabricantes: 450 kHz, 455 kHz, 460 kHz, 465 kHz, 470 kHz, 475 kHz, 480 sem contar com os mais antigos que tinham valores na casa dos 128 kHz como nos Philips "Matador".
Mas a grande maioria dos aparelhos fabricados após 1940 usaram a frequência de 455 kHz.
Supondo que você possa conseguir um gerador, e tenha a frequência correta...
Faça o seguinte:
1-) Ligue o gerador e o rádio e deixe funcionar pelo menos uns 10 minutos para que aqueçam e atinjam um nível de estabilidade (no caso dos valvulados).
2-) Ajuste o gerador à frequência especificada.
3-) Conecte o sinal do gerador à grade da válvula conversora em série com um capacitor de 50K.
4-) Ajuste o volume do receptor ao máximo.
5-) "Sintonize" o capacitor variável na posição de máxima capacidade (todo fechado)
6-) Receptor na faixa do ondas médias.
7-) Regule os trimmers ou núcleos de ferrite dos transformadores de FI para obter o máximo de sinal na saída, começando pelo 2º transformador, que é o que vai conectado ao diodo da válvula detectora.
Caso haja alguma regeneração, faça como descrito acima e dessintonize levemente (experimentando) um dos ajustes das F.I.'s.
Normalmente o alinhamento da F.I. mal feito pode levar a uma banda passante deficiente, ou seja, ou excessiva, quando a seletividade fica prejudicada, ou muito estreita, quando a resposta de áudio fica afetada na sua parte de alta frequência e o som fica grave demais. Muitas FI's devem ser ajustadas, não para o máximo de saída nas suas bobinas, mas com a chamada sintonia desencontrada, onde o circuito primário e o secundário têm ajustes diferentes, gerando uma banda passante mais adequada. Nos rádios menos sofisticados o ajuste para o máximo já é suficiente. De qualquer forma, não funciona o método do “ouvidômetro”, em especial porque o ouvido é logarítmico na sua resposta e então pequenas diferenças de nível não podem ser percebidas. Outro detalhe é que o AGC (ou AVC) do rádio deve ser retirado provisoriamente durante o ajuste (normalmente com um curto para a terra na sua tensão e com o menor nível possível no gerador para se evitar saturações porque, com ele, a saída tende a ser constante e prejudica a procura do valor máximo, mesmo com os equipamentos corretos.
Num circuito transistorizado o acoplamento deve ser feito através de um indutor a antena ou simplesmente por aproximação entre o Gerador e o Receptor?
Isso é outra coisa que passou “batido”, mas eu imaginava que era mais ou menos óbvio. O circuito de antena é sintonizado na RF de 550 a 1600 kHz e não é um bom ponto de se entrar com um sinal de 455 kHz. Num receptor simples pode até funcionar porque a rejeição da entrada não é total e, apesar da etapa conversora à frente, existe um certo acoplamento entrada-saída nessa etapa. Em receptores de qualidade, onde os misturadores são bi-balanceados, entrar o sinal de 455 pela antena simplesmente não funciona e o sinal tem de ser aplicado, por exemplo, na saída do misturador e com acoplamento muito fraco (pequeno capacitor). Mas repito: não se esqueça de obter os “mínimos” de sinal SEM o AVC (AGC).
O gerador deve ter a capacidade de ser modulado em AM, a maioria tem essa facilidade com um oscilador interno de 400 Hz. Ou 1 kHz. A máxima saída pode ser medida diretamente “em cima” do alto falante. O nível do gerador deve ser o suficiente para se obter um sinal bom que se monitora pelo áudio mesmo. Na medida em que for “afinando” a sintonia, pode ser necessário reduzir a saída do gerador para evitar a saturação de algum estágio do receptor. Talvez, se o gerador for mantido em um mínimo sinal o AGC nem vai atuar e poderá permanecer ativo.
Manter um sinal do gerador tal que o AGC não seja ativado não é muito fácil em alguns rádios.
Mas se o técnico que for alinhar não possuir o circuito do rádio para desativar o AGC corretamente é uma alternativa fazer o ajuste com o sinal mínimo. A maioria dos valvulados pode ter a linha de AGC ligada ao chassis e já está feito, mas nos transistorizados a linha do AGC tem uma tensão média que é a polarização dos transistores e não é possível desativar de forma igual. Então só com o esquema e conhecimento de como o AGC funciona nele para desligar ele de forma correta.
Mas tem de desativar na geração do AGC e não na linha de AGC, isto é, na retificação da RF cuja DC se soma à de polarização. Mas é bem mais enrolado de se fazer.
Tem uma quantidade enorme de rádios que a geração do AGC é feita pelo mesmo detector de 1/2 onda que também é o detector do áudio. Por isso sem o manual a coisa fica muito empírica e facilmente levando a um erro no processo.
Como funciona o AGC/CAG
O sistema automático de ganho (AGC/CAG) de um circuito amplificador de F.I., a regulação é feita de tal forma que os sinais fracos são amplificados e os sinais fortes são atenuados, evitando a grande variação do nível de som reproduzido pelo rádio durante a mudança de sintonia.O sinal de radiofrequência de F.I. proveniente do secundário do último transformador de RF é aplicado ao circuito detector. Os amplificadores de F.I. irão regular o ganho de amplificação do circuito, mantendo desta forma o nível de amplificação praticamente constante na saída do último transformador de F.I. e entregue ao detector. Para sinais fracos, o AGC de RF mantém o amplificador de RF na condição de máximo ganho. Na medida em que o sinal captado pela antena é mais intenso, o AGC de F.I. comanda a redução de ganho do estágio de F.I., enquanto que o amplificador de RF continua com o ganho máximo. Esta condição garante a melhor relação sinal/ruído para sinais fracos.
Mais um pitaco
Me atrevo a dar um pitaco prático que há muito tempo me utilizo, para testar o oscilador local, uso um radinho portátil destes digitais, sintonizo na frequência que pretendo receber, mais a frequência de FI do equipamento que está sendo testado e giro o dial até encontrar no radinho digital.Exemplo, quero testar se o oscilador local de um receptor de 40m com conversão única e canal de FI em 455khz está funcionando. Sintonizo o rádio digital em 7000khz mais 455khz, ou seja 7455khz, e giro o dial do equipamento a ser testado na volta de 7mhz, se o oscilador local estiver ok, terei obrigatoriamente que ouvir o batimento no receptor digital. Este é um teste prático e muito útil. Também uso tal artifício, para verificar o funcionamento de osciladores fixos, por exemplo, uso muito,(usava), nos Delta 209 para ver se os osciladores fixos de 4133Khz e 5067Khz estão em funcionamento.
Cassiano PP5CS
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